Neurônios espelho, empatia e repulsa
Neurônios espelho, empatia e repulsa
“As pessoas só nos devolvem refletida a forma como nós somos.” – Laurent Gounelle
Essa frase reflete a teoria do Neurônio Espelho, um sistema neuronal que permite a compreensão inconsciente, involuntária e imediata das ações de outra pessoa.
Merleau Ponty disse que “temos dentro de nós a mesma experiência” que a outra pessoa com quem interagimos. Chamamos isso de ressonância, ou seja, o que é observado na atitude de outra pessoa ressoa com a nossa própria atitude, o que nos leva a reproduzir a atitude do outro.
Esse sistema neuronal foi descoberto nos anos 90 pelos neurocientistas italianos Giacomo Rizzolatti, Leonardo Fogassi e Vittorio Gallese, quando estudavam os neurônios (células do cérebro) motores de macacos Rhesus. O objetivo inicial do estudo era identificar qual área cerebral era ativada quando os macacos executavam alguma atividade. Um dia, por acaso, Leonardo Fogassi entrou no laboratório comendo algo e percebeu que os neurônios motores dos macacos foram ativados pela simples observação dele comendo. Na sequência, os cientistas descobriram que toda vez que um macaco fazia alguma atividade, outro macaco, observando essa atividade, tinha os mesmos neurônios, que o macaco que fez a ação, ativados. É como se o macaco observador visse suas atividades através de um espelho. Nascia aí a descoberta dos neurônios espelho, que espelham os movimentos do outro, como quando bocejamos ao ver alguém bocejar, mesmo que não tenhamos sono.
Fazer ou observar alguém fazendo alguma coisa, ativa as mesmas regiões cerebrais. É como se o cérebro imitasse a outra pessoa, espelhando o comportamento do outro.
Ao longo dos anos outros experimentos foram realizados e provaram que os neurônios espelho existem em muitas outras espécies. No caso dos seres humanos, os neurônios espelho são ativados pela conexão dos sistemas emocional e motor e não por simples gestos mímicos, como quando nos emocionamos ao ver alguém triste, sentimos medo ao ver uma cena de terror, rimos quando outra pessoa ri, nos comovemos com uma criança pedindo esmola.
Os neurônios espelho estão, assim, conectados à empatia. Eles permitem que sintonizemos as emoções do outro e, ao fazer isso, nos conectamos emocionalmente. Esse vínculo afetivo existente nos espelhamentos espontâneos da imitação e do mimetismo, demonstra necessidade de interação e conexão, num processo de interação social.
Ao interagirmos socialmente, movimentamos a reciprocidade, no qual uma pessoa entende as atitudes de outra pessoa provocando uma série de emoções recíprocas. Quando essas emoções são reconhecidas e processadas, geram respostas comportamentais. Esses comportamentos, por sua vez, geram emoções no outro, criando, assim, um ciclo interativo e social.
Vale ressaltar um ponto crucial sobre os neurônios espelho: interagir e conectar com a emoção do outro pode gerar repulsa! Jung dizia que “tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a uma melhor compreensão de nós mesmos”. Nesse caso, os neurônios espelho podem acusar uma ressonância no comportamento do outro com algum comportamento próprio e conscientemente desconhecido.
Saiba mais no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=MYBDyukYwA8
Referências:
http://cultureofempathy.com/References/Experts/Marco-Iacoboni.htm
FERREIRA, Vinicius Renato Thomé; CECCONELLO, William Weber; MACHADO, Mariana Rodrigues. Neurônios-espelho como possível base neurológica das habilidades sociais. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/per/v23n1/v23n1a09.pdf
COLOMBO, Rafael. EMPATIA: como funcionam seus NEURÔNIOS espelho. Disponível em: https://vitallogy.com/feed/EMPATIA%3A+como+funcionam+seus+NEURONIOS+espelho/897
BERTINI, Edna. Neurônios Espelho e Empatia. Disponível em: https://j.pucsp.br/artigo/neuronios-espelho-e-empatia
Élida Fagundes, Head de treinamento T-HEALTH Consultoria, instrutora e facilitadora master, consultora de comportamento humano, educadora e escritora, é apaixonada por gente e por vendas. Coautora dos livros “Coaching, acelerando resultados” e “Coaching de Careira”, é uma eterna aprendiz.